O americano tranquilo (1)
Revi The Quiet American (1958), esplêndida versão do romance de Graham Greene. É verdade que Mankiewicz atenuou o «anti-americanismo» do original (Greene chamou a isso um acto de «propaganda»), mas ficou intacta a ideia dos cidadãos (e agentes) americanos como «innocents abroad». Só que aqui o inglês também não é poupado: Fowler é, como Greene, um alcoólico lúcido e um jornalista cínico, mas descobre que não está imune. A sua recusa em tomar partido vale em política e religião, mas vacila em assuntos pessoais. Nesse momento, ele faz escolhas trágicas, e parece tão inocente (tão ingénuo) como o «idealista» Pyle, tão enganado e manipulado.
Também ele joga no tabuleiro da Indochina, só que em vez da luta de blocos ideológicos ele joga uma relação amorosa. Quando, em conversa geostratégica, desdenhou da «teoria do dominó» na luta anticomunista, fez esta pergunta espantosa (cito de memória): «If Malasya and Indonesia go, what does it mean, ‘go?’». O que é que se perde, quando perdemos? Mankiewicz faz uma alteração ao final que é já uma resposta: se alguém só tem uma coisa a perder, perde a única coisa que tem. Fowler tem a rapariga, e por isso no fim perde a rapariga.
Também ele joga no tabuleiro da Indochina, só que em vez da luta de blocos ideológicos ele joga uma relação amorosa. Quando, em conversa geostratégica, desdenhou da «teoria do dominó» na luta anticomunista, fez esta pergunta espantosa (cito de memória): «If Malasya and Indonesia go, what does it mean, ‘go?’». O que é que se perde, quando perdemos? Mankiewicz faz uma alteração ao final que é já uma resposta: se alguém só tem uma coisa a perder, perde a única coisa que tem. Fowler tem a rapariga, e por isso no fim perde a rapariga.