25.10.06

Berkeley (2)



Na lista dos meus heróis intelectuais está George Berkeley (1685–1753), o filósofo irlandês que levou o empirismo ao seu extremo, desembocando no chamado idealismo subjectivo.

O famoso dito «Esse est percepi» («Ser é ser percebido», no sentido de «percepcionado»), que partiu dos seus estudos ópticos, postula que não conhecemos os objectos (ele não gostava do termo «matéria») mas temos apenas sensações e ideias sobre os objectos. O mundo existe na nossa mente (que aliás completa muitas lacunas das percepções) mas não há nenhuma garantia da existência dos objectos tal como os vemos ou sentimos.

Acho fascinante que Berkeley tenha sido um «mestre da suspeita» alguns séculos antes de eles dominarem o pensamento europeu. Mas, ponto importante, um mestre da suspeita que não era (como seriam todos os outros) um materialista. Bem pelo contrário, ele foi um imaterialista radical: um idealista. E um idealista radical: um idealista subjectivo, que sabe que cada experiência é apenas uma experiência pessoal.

Não preciso de explicar por que razão é um dos meus heróis.