20.11.06

As mulheres belas (5)

Em relação às actrizes bonitas, as pessoas muitas vezes suspeitam que elas são demasiado atraentes para terem talento ou protestam porque nunca lhes atribuem personagens complexas. É verdade que as coisas se passam assim na indústria do cinema. Acontece que eu acho, pelo contrário, que a beleza é um talento e que implica um elevado grau de complexidade.

Isso não acontece só no cinema, mas fiquemos agora pelo cinema. Há mulheres cujos olhos, gestos e movimentos são inesquecíveis, mesmo que não sejam grandes actrizes num qualquer sentido stanislavskiano do termo. E isso não sucede a todas as mulheres bonitas (há centenas de beldades inócuas ou bovinas). Existe um talento, isto é, uma qualidade, que pode ser aquilo a que chamamos «fotogenia» (que nem sempre acompanha a beleza). Além disso, se observarmos com atenção um fotograma com uma actriz bonita (exemplo: Liv Ullmann), vemos uma complexidade naquele rosto que ultrapassa os elementos físicos, embora se baseie neles. E com as mulheres feias ou vulgares isso acontece com muito menos frequência.

É por isso que as mulheres bonitas no cinema não são apenas «decorativas»: elas são luminosas, como se, projectadas no ecrã, desse ecrã se projectassem para nós espectadores.