O insulto com a verdade
Tive uma namorada que era brutalmente sincera comigo. E quando digo brutalmente digo brutalmente. Isso em princípio é bom, numa pessoa que tenha mais virtudes que defeitos. Como eu tenho muito mais defeitos, a sinceridade magoava um bocado. E, no entanto, mesmo recordando com alguma amargura certos excessos verbais, noto que mais ninguém me tratou de modo tão honesto. Não que outras pessoas tenham sido desonestas comigo: mas existiu sempre, sentida ou pressentida, a elisão, a omissão, o eufemismo. E eu gosto de gente que me insulte com a verdade.