Londres (2)
Enquanto esperava, sentei-me num café em Leicester Square, agarrado a uma chávena grande de café que me devolveu a sensibilidade na ponta dos dedos adormecidos pelo frio. Em frente, adolescentes gritavam numa roda giganta que se despenhava controladamente na praça. Numa cidade estrangeira, no momento em que ficamos sozinhos, podemos simplesmente desaparecer. Meter por uma rua, virar uma esquina, ir embora sem dizer nada a ninguém. Pensei em escolher uma das ruas em que desembocavam em Leicester Square e ir andando sempre, até que a cidade me engolisse. Como se a vida, imaginei, não continuasse, pesada como sempre, noutro lado qualquer, longe do mundo e da gente conhecida.