«Exibicionismo moral»
Numa lancinante polémica sobre o oposicionismo checo (nos anos 60), Milan Kundera acusou Vaclav Havel (e outros intelectuais) de «exibicionismo moral». Não interessa aqui esmiuçar os contornos exactos de tal acusação, mas gostava de sublinhar esse conceito fortíssimo: «exibicionismo moral».
Escrever em público sobre o sofrimento será um caso de «exibicionismo moral»? Tudo indica que sim: eis alguém que revela aos outros algo que é por natureza privado. A reação de cada um a isso depende do grau de identificação ou de complacência.
Mas também me parece que esse «exibicionismo» só é «moral» quando se pretende moral.
Explico: o exibicionismo («vejam como eu sofro») pode ser simplesmente um dado de facto, uma contigência ou uma condição. Nesse caso, não estamos perante nenhum «exibicionismo moral». Se, pelo contrário, a divulgação do sofrimento for uma forma de propaganda daquele que sofre, uma espécie de mérito que ele possui, nesse caso existe exibicionismo moral.
O qual me merece a mesma repugnância que Kundera, noutro contexto, exprimiu.
Escrever em público sobre o sofrimento será um caso de «exibicionismo moral»? Tudo indica que sim: eis alguém que revela aos outros algo que é por natureza privado. A reação de cada um a isso depende do grau de identificação ou de complacência.
Mas também me parece que esse «exibicionismo» só é «moral» quando se pretende moral.
Explico: o exibicionismo («vejam como eu sofro») pode ser simplesmente um dado de facto, uma contigência ou uma condição. Nesse caso, não estamos perante nenhum «exibicionismo moral». Se, pelo contrário, a divulgação do sofrimento for uma forma de propaganda daquele que sofre, uma espécie de mérito que ele possui, nesse caso existe exibicionismo moral.
O qual me merece a mesma repugnância que Kundera, noutro contexto, exprimiu.