2.2.07

O boato

Sou um tipo demasiado chato para gerar boatos, pelo menos sobre a minha vida privada. Julgo que nos tempos da faculdade algumas pessoas achavam que eu era vagamente homossexual. E talvez algumas pessoas ainda achem isso (aliás com argumentos plausíveis: «34 anos, vive sozinho, escreve poesia»). Mas hoje alguém me disse que corria o boato de que eu me tinha casado. Fiquei contente por ter gerado um boato, mas estupefacto com a natureza improvável da coisa. Não se trata apenas das minhas «conhecidas reticências face à instituição casamento»: trata-se também das conhecidas reticências da instituição casamento face a mim. Só uma vez é que uma mulher admitiu como hipótese remota vir a casar comigo, e mesmo aí foi porque eu puxei o assunto numa das crises de sonambulismo dela. Eu não sou nada «casável». Há razões plausíveis: «34 anos, vive sozinho, escreve poesia».