Instalação
Às vezes quase acredito no tal «complot da arte contemporânea» de que falava Baudrillard. É que, convenhamos, entre Louise Bourgeois e Tracey Emin ainda vai um saltito. A «exploração dos fantasmas íntimos» tem costas demasiado largas. E os trabalhos mais conhecidos da celebrada Emin (n. 1963), valha-me Santa Rita de Cássia. Estou a pensar em Everyone I Have Ever Slept With 1963-1995 (1995), uma tenda azul que tinha inscritos todos os nomes dos felizes contemplados, ou em My Bed (1999), uma «instalação» nomeada para o prémio Turner que constava de uma cama desfeita e meio javardola. Admito que as obras mais mediatizadas de Emin não sejas as mais interessantes. Mas também se detecta aqui, a milhas, uma cabeça escangalhada, traumas com luto em público, fragilidades e imaturidades. Eu empatizo (e como) com estas características, mas não creio que daí nasça grande arte. É por isso que a participação de Tracey Emin, bêbeda e quezilenta, num programa de televisão (Channel 4, 1997) não foi apenas um «apanhado» num dia mau. É um momento que tem a mesma substância das suas instalações. É, afinal, uma das suas instalações.