A vida dos outros
O habitante da cidadela lisboeta (...) não anda de automóvel e muito menos atravessa túneis ou recorre a parques de estacionamento. Opõe-se à abertura de qualquer centro comercial, pois só faz compras no comércio tradicional, vive em Alfama, Mouraria, Campo de Ourique, Lapa ou outros bairros seculares, em casas antigas.
Dir-me-ão que este lisboeta não existe. Pois não. Mas tal como «O Pátio das Cantigas» era a outra face do Estado Novo, também esta capital-cidadela é a versão alfacinha dum discurso autoritário não apenas sobre a cidade, mas também sobre a vida dos outros.
[Helena Matos, no Público de hoje]
Confesso que não tenho nenhuma «ideia sobre Lisboa».
Mas tenho uma ideia sobre a Lisboa que não quero.
Não quero uma Lisboa cheia de boas intenções, utópica, politicamente correcta, feita de um patusco conservadorismo esquerdista que impõe «mercearias» e «hortas» aos cidadãos.
Não gosto de gente que dispõe sobre a vida dos outros.
Dir-me-ão que este lisboeta não existe. Pois não. Mas tal como «O Pátio das Cantigas» era a outra face do Estado Novo, também esta capital-cidadela é a versão alfacinha dum discurso autoritário não apenas sobre a cidade, mas também sobre a vida dos outros.
[Helena Matos, no Público de hoje]
Confesso que não tenho nenhuma «ideia sobre Lisboa».
Mas tenho uma ideia sobre a Lisboa que não quero.
Não quero uma Lisboa cheia de boas intenções, utópica, politicamente correcta, feita de um patusco conservadorismo esquerdista que impõe «mercearias» e «hortas» aos cidadãos.
Não gosto de gente que dispõe sobre a vida dos outros.