20.7.07

Death Proof

Death Proof talvez seja o primeiro filme misógino feminista. Quentin Tarantino faz mais uma das suas homenagens à série Z, neste caso revisitando um género esquecido, o grindhouse (uma espécie de exploitation movie às três pancadas). Death Proof é a história de um duplo dos automóveis que persegue e mata mulheres com o seu carro assassino; até que um dia encontra um grupo de amigas que chega para ele. É um filme cheio de perseguições rodoviárias, mas sem a angústia de Duel (ou mesmo de The French Connection); Death Proof é apenas um divertimento, embora um divertimento brutal. Tarantino regressa aos seus guilty pleasures e obsessões (bandas rock obscuras, pés femininos nus), num filme gloriosamente frívolo. A imitação tem graça: saltos deliberados na película, riscos, mudanças de cor, legendas berrantes e outras peripécias propositadas. E depois, o cineasta distende a narrativa, com aqueles diálogos demorados e «desnecessários» que boicotam a lógica de eficácia de um exploitation movie. É o luxo do lixo, com certeza, mas tem o poder primitivo (e sádico) do cinema.