16.7.07

O período do meio

Quanto mais leio Harold Pinter mais me apercebo de que me interesso quase exclusivamente pelo seu «período do meio». Confesso que explorei pouco as suas peças «políticas» de 1980 para cá, em parte devido ao primarismo dos seus textos políticos (incluindo o amontoado de caralhadas a que ele chama «poemas»). E o que li não me convenceu. Já a fase inicial me parece curiosa mas raramente notável. A «comedy of menace» nem sempre envelheceu bastante (mas admito que depende muito das encenações e interpretações), tem elementos pronvincianos, simbologias óbvias, agressões epocais. Claro que é teatro moderno, que imediatamente torna obsoleto a «peça bem feita» dos Rattingans & companhia, mas esses começos, entre o «angry young man» e o teatro do absurdo, não me cativam completamente. Em The Birthday Party (1958), por exemplo, só os interegatórios surreais de «Goldberg » e «McCann» me parecem ainda vivos e actuantes. Já no Pinter que explora a relação entre a memória e os jogos de poder sexuais (The Lover, 1963; The Homecoming, 1965; Old Times, 1971; No Man's Land, 1975 ou Betrayal, 1978) encontro quase tudo o que me interessa em teatro. E cada vez mais me interesso por teatro.