Beckett mode
B. diz que eu estou em «Beckett mode». Ou seja, que aceitei a apatia e a inacção como estética, coisa que ela considera uma herança negativa do modernismo. É possível: Beckett é um dos meus autores. Há no entanto uma ironia nessa inacção que me agrada. Aquela atitude de Vladimir e Estragon do «vamos» («não se mexem»). É também isso que eu gosto no modernismo: o sintoma e o diagnóstico simultâneos. B. acha isso exasperante. Eu, mais pessimista e mais envelhecido, acho divertido.