Death Proof (2)
O que verdadeiramente me encanita na recepção crítica a Tarantino é a ideia do «vazio». Alguém diz que ele não sabe filmar? Ninguém. Alguém diz que ele não sabe dirigir actores? Não se atrevem. Alguém diz que ele escreve mal? Nada disso. Apenas se queixam que ele regurgita fórmulas das séries B a Z, destila «guilty pleasures», se compraz na violência. E, pecado dos pecados, afocinha no «vazio». Como se o «vazio» não fosse um dado cultural (e filosófico) tão importante como a «incomunicabilidade», a «angústia metafísica» ou a «transferência de culpa», para refereir três exemplos clássicos. E, sobretudo, como se as considerações morais fossem pertinentes na actividade crítica. Não por acaso, quase todos os anti-Tarantino são soissante-huitards. Talvez tenham estado um dia «cheios» de mais e agora se sintam eles mesmos vazios.