O estado da comédia
Vi The 40-Year-Old Virgin num multiplex em Glasgow. Não via uma comédia tão entusiasticamente recebida numa sala cheia desde Quatro Casamentos e um Funeral. De tal modo que fui ver o filme outra vez no dia seguinte: nova enchente, nova apoteose. Eu gosto do filme, que deve muito ao talento de Steve Carell, mas convenhamos que é uma comédia baseada apenas em ordinarices e na imaturidade masculina.
O grande sucesso do filme tornou o realizador Judd Apatow na grande esperança da comédia americana. Superbad (que Apatow produziu) e Knocked Up (ainda perguntam por que razão não cito os títulos portugueses) são mais do mesmo. Male bonding. Adolescentismo emocional. Piadas sexuais mais hardcore do que é costume. Há uma certa perícia nos diálogos e um certo ritmo não-económico (especialmente em Knocked Up) que mostram que Apatow tem talento. Mas as suas comédias são bastante básicas em recursos e em ideias. E têm o defeito de apresentar um ponto de vista totalmente masculino. Não me lembro de um único grande de Hollywood que tenha conseguido fazer comédia durável com um ponto de vista exclusivamente masculino (talvez Hawks, mas pelo menos eram as mulheres que eram masculinas).
Entre a crítica mais hostil, há quem proteste contra esta nova galáxia cómica. Depois de o sisudo Jonathan Rosembaum já ter culpado a geração Saturdat Night Live, tivemos o intratável Joe Queenan, o Vasco Pulido Valente da crítica de cinema, criticando Judd Apatow nestes termos Thus, the situation today is very much like back in the days when John Belushi, Dan Aykroyd, Chevy Chase and the rest of the Saturday Night Live alumni turned out third-rate movies faster than anyone could possibly see them, and dominated screen comedy until Robin Williams came along to make things worse.
A verdade é que a última grande comédia que vi não era exactamente uma estreia. Tinha umas décadas em cima e era realizada por um senhor europeíssimo chamado Ernst Lubitsch.
O grande sucesso do filme tornou o realizador Judd Apatow na grande esperança da comédia americana. Superbad (que Apatow produziu) e Knocked Up (ainda perguntam por que razão não cito os títulos portugueses) são mais do mesmo. Male bonding. Adolescentismo emocional. Piadas sexuais mais hardcore do que é costume. Há uma certa perícia nos diálogos e um certo ritmo não-económico (especialmente em Knocked Up) que mostram que Apatow tem talento. Mas as suas comédias são bastante básicas em recursos e em ideias. E têm o defeito de apresentar um ponto de vista totalmente masculino. Não me lembro de um único grande de Hollywood que tenha conseguido fazer comédia durável com um ponto de vista exclusivamente masculino (talvez Hawks, mas pelo menos eram as mulheres que eram masculinas).
Entre a crítica mais hostil, há quem proteste contra esta nova galáxia cómica. Depois de o sisudo Jonathan Rosembaum já ter culpado a geração Saturdat Night Live, tivemos o intratável Joe Queenan, o Vasco Pulido Valente da crítica de cinema, criticando Judd Apatow nestes termos Thus, the situation today is very much like back in the days when John Belushi, Dan Aykroyd, Chevy Chase and the rest of the Saturday Night Live alumni turned out third-rate movies faster than anyone could possibly see them, and dominated screen comedy until Robin Williams came along to make things worse.
A verdade é que a última grande comédia que vi não era exactamente uma estreia. Tinha umas décadas em cima e era realizada por um senhor europeíssimo chamado Ernst Lubitsch.