Do domínio da luta (3)
Dou com um texto de Jean Baudrillard, incluído em L'échange impossible(1999), que explica o fim da «revolução sexual» por via tecnológica. Assim, se numa primeira fase o sexo se libertou da reprodução através de uma tecnologia simples (os anticonceptivos), numa segunda fase é a reprodução que se liberta do sexo, através de tecnologias complexas (a reprodução «in vitro» e a clonagem). Dai que Baudrillard escreva: «A "libertação sexual" (...) é perfeitamente ambivalente. Pois parece inscrever-se no mesmo sentido que a revolução sexual, de que é a consagração, e revela-se nos seus efeitos completamente oposta à revolução sexual» (itálico meu). Eis uma coisa que muitos marxistas deviam saber de cor e parecem ter esquecido: os avanços tecnológicos têm consequências ideológicas. E às vezes não são as consequências que os voluntaristas desejavam.