16.10.07

Right-wing gals (2)

É curioso como algumas mulheres de direita se posicionam face às «conquistas do feminismo». Não tenho nenhuma teoria sobre isso, mas tenho década e meia de observação atentíssima.

Digamos que as «conquistas do feminismo» são um legado que muitas mulheres de direita invocam ou repudiam consoante a sua situação pessoal a cada momento. Essa é geralmente uma característica mais masculina do que feminina, mas neste ponto os géneros convergem.

Uma mulher de direita sozinha, abandonada, enganada, divorciada ou em crise defende mais facilmente o legado feminista. Tanto as liberdades como a «excepcionalidade» do feminino ou mesmo, nalguns casos, uma certa diabolização dos homens. (As divorciadas com filhos pequenos às vezes ostentam um puritanismo pretensamente assexuado).

Em contrapartida, tenho notado que as mulheres de direita com relações estáveis (ou nos primeiros anos de casamento) defendem sem grandes pruridos o «status quo» patriarcal: papéis nitidamente atribuídos, delícia antropológica com a «masculinidade», uma submissão de contornos mais ou menos sexuais.

Depois chega a separação ou o divórcio e muda tudo.

Aliás, o mesmo acontece com a atitude face à «cultura». Mas nessa matéria tinha de concordar com Bourdieu e, francamente, são 11.40, fica para outra vez.