4.11.07

Os prazeres

Por motivos simples & complicados (e igualmente aborrecidos) não sou especial amante dos chamados «prazeres da vida». O álcool, por exemplo. O meu consumo é moderadíssimo. E o meu entusiasmo quase inexistente. Por isso fico fascinado com a paixão com que outras pessoas descrevem os seus deleites báquicos. Recentemente, li três livros de escritores sobre alcoóis: cerveja (Francisco José Viegas, lírico e lúdico), vinho (Jay McInerney, didáctico e cristalino) e cocktails (Miguel Esteves Cardoso, veemente e divertido). Não experimentei quase nenhuma das bebidas que eles mencionam, mas tirei bastantes notas mentais. E fiquei surpreendido com as infindáveis ligações que as bebidas mantêm com todos (mas todos) os gestos da civilização. E com a capacidade destes escritores descreverem um prazer, uma das coisas mais difíceis neste mundo de Deus.


Francisco José Viegas, «99 Cervejas + 1 ou Como não morrer de sede no Inferno» (Esfera dos Livros)

Jay McInerney, «A Hedonist in the Cellar» (ed. inglesa Bloomsbury)


Miguel Esteves Cardoso, «Com os Copos» (Assírio & Alvim)