21.1.08

Alan Shore



Arrogante, cínico & insolente, Alan Shore ostenta aquela aliança de lascívia e desprezo típica do Grande Advogado. Nem falta o ricto de mal do estômago, quase um emblema da classe. Ele reconhece que a profissão é muitas vezes «imunda», «desumana» e «cruel» e finge que não é afectado por isso. Mas os efeitos da profissão na sua «interioridade» são de facto irrelevantes, uma vez que ele vive da rasura da sua «interioridade». Nisso, a sua profissão de Grande Advogado é totalmente adequada à sua vocação. Uma técnica ao serviço de um resultado, mas não de uma vontade, ou antes, de uma emoção (essa coisa infantil). Quando ele diz a uma colega que é preciso «reconcliar o que somos e o que fazemos», é um simples conselho ad usum delphini; há muito tempo que Alan Shore é aquilo que faz, porque faz aquilo que é.