31.1.08

As palavras proibidas

Há palavras proibidas, e muito justamente proibidas. Palavras que em determinado contexto evitamos, para não sermos insensíveis ou grosseiros.

Um exemplo: as pessoas que têm um cancro não gostam de ouvir essa palavra tão explícita. É como se a palavra tornasse a doença mais letal. Assim, uma pessoa sensata não diz «cancro» ao pé de um doente com cancro, ainda que utilize o termo em sentido figurado («este ministro é um cancro», etc).

Se uma pessoa (pelo menos uma pessoa que não seja íntima com o doente) usa essa «palavra proibida», há três hípóteses 1) é insensível e grosseira 2) foi esquecimento 3) foi um acto falhado.

Mas talvez haja uma quarta hipótese. Talvez a pessoa que disse «cancro» ignorasse que o seu interlocutor tinha um cancro.

Na última semana, três pessoas usaram «palavras proibidas» em conversa comigo, e duas delas de forma espalhafatosa. Sendo pessoas bem formadas e cuidadosas, julgo que a ausência de censura se deveu apenas à ignorância

E essa ignorância soou como genuína inocência.