Mamet direitolas?
Quando li isto, não acreditei. Pareceu-me uma coisa como aquele texto apócrifo que correu mundo de um Garcia Marquez todo «espiritual». Mas o Village Voice não publicaria este artigo se fosse uma fraude, pois não? Nem sei que vos diga.
De que se trata? Numa palavra: David Mamet, um dos grandes dramaturgos vivos, confessa que se tornou direitista. Palavra de honra. Leiam o texto.
Mamet desfia vários argumentos políticos, mas o argumento essencial é naturalmente antropológico:
And, I wondered, how could I have spent decades thinking that I thought everything was always wrong at the same time that I thought I thought that people were basically good at heart? Which was it? I began to question what I actually thought and found that I do not think that people are basically good at heart; indeed, that view of human nature has both prompted and informed my writing for the last 40 years. I think that people, in circumstances of stress, can behave like swine, and that this, indeed, is not only a fit subject, but the only subject, of drama.
Há décadas que os admiradores de Mamet já sabiam (e apreciavam) o seu pessimismo. Mas esta confissão (numa publicação fétiche da esquerda americana) não deixa de ser supreendente e corajosa.
Ou isso ou é uma partida de 1 de Abril feita a 11 de Março.