A farsa da virilidade
No monumental romance Belle du Seigneur (1968), Albert Cohen acusa as mulheres de serem por vezes «paleolíticas». Como é que um homem que dedicou a sua obra ao culto das mulheres escreve uma barbaridade dessas? Não é barbaridade nenhuma: Cohen censurava nas mulheres aquilo a que num inquérito chamou «a adoração da força»: a submissão ao homem enquanto criatura agressiva e cavernícola. No mesmo inquérito, aliás, Cohen critica os homens que se entregam à «farsa da virilidade». Ou seja: Cohen critica as mulheres que gostam dos homens como os homens querem que elas gostem deles.