13.3.08

A mentira em política

Há poucos meses foi um senador (Republicano) do Idaho; agora, foi um governador (Democrata) de Nova Iorque. Um tentou engatar homens num WC público; o outro, ao que parece, é cliente de uma agência de meninas. Ambos ficaram com a carreira política em cacos.

Tudo começou com Gary Hart, que viu a sua candidatura presidencial abortada por causa de uma infidelidade conjugal. Anos depois, o presidente Clinton foi miseravelmente perseguido por ter aviado uma estagiariazeca badocha, e o mundo ouviu detalhes de vestidos manchados e charutos enfiados.

Dizem nestes casos os Catões da genitália alheia: quem mente sobre a vida sexual não merece a confiança dos cidadãos.

Não é verdade. E por duas razões.

Em primeiro lugar, toda a gente mente sobre a sua vida sexual. Os motivos são umas vezes louváveis, outras vezes discutíveis, mas sempre compreensíveis. Se existe algum domínio em que a transparência não vale, é precisamente o domínio sexual.

Em segundo lugar, a vida sexual de um político não diz nada sobre a sua ética. Nunca um casto foi mais honesto por ser casto, e nunca um devasso foi incompetente por causa da sua devassidão. Exceptuando casos flagrantes de hipocrisia política, a vida sexual é vida privada.

Se os políticos engatam meninos e frequentam meninas, isso é assunto deles e da família deles.

Ou alguém acha que em política as mentiras graves são assuntos de pichotas e coninhas?