Qual das duas
A sondagem chegou ao fim, com os seguintes resultados:
Scarlett Johansson, 542 votos (53,4%)
Natalie Portman, 473 votos (46,6%)
Qual das duas? A filha de uma judia e um dinamarquês ou a filha de um israelista e uma americana? Têm quase a mesma idade (Natalie nasceu em 1981 e Scarlett em 1984), estrearem-se no cinema no mesmo ano, 1994, ambas trabalharam com Woody Allen, ambas fazem publicidade de cosméticos, ambas promovem causas progressistas, ambas entraram no imaginário ocidental como Lolitas. Natalie tem umas feições que nem Bernini num dia bom chegava lá, de uma harmonia clássica e tranquila mas com capacidade para a melancolia e a lascívia com um bater de pestanas. Scarlett é, como se dizia antigamente, mais «planturosa», lábios cheios e seios fartos num corpo que foge ao look esquelético, e com um estilo lânguido ou sonolento. Scarlett tem tido mais sorte: fez o inesquecível Lost in Translation (2003) e o único Allen extraordinário de quase duas décadas, Match Point (2005). No primeiro, é perfeita como spoiled brat insone, no segundo nem tanto. Ela tem grande à vontade em allumeuses de chupa-chupa (como num filme dos Coen) ou jovenzinhas frustradas com os prazeres e os dias (como em Ghost World, 2001); mas só vi ali uma actriz a sério em A Love Song for Bobby Long, 2004, interessantíssima elegia sulista. Muitas vezes, parece mal escolhida para o papel (The Black Dahlia, Scoop, A Good Woman, todos 2005) ou faz filmes incrivelmente medíocres. Como modelo de Vermeer foi um achado, não pelo filme (banal) mas pela conjunção dos dons da natureza com os dons de Eduardo Serra. Natalie não tem tantos filmes maus, mas também ainda não fez um filme realmente bom. Popularizada pela princesa de Star Wars (2002/2005), tem um ar frágil e grácil que está mesmo a pedir comédias românticas e tragédias amáveis. Nesse registo, gostei de Garden State (2004), cheio da precipitada poesia dos trintões; já em Closer (2004), Natalie tentou ser ostensivamente «sexy» o que não vai bem com ela, excepto se for uma sexualidade súbita de molhar as boxers à plateia (a curta Hotel Chevalier, 2007). Nem uma nem outra são actrizes consagradas, e Scarlett especialmente vai sofrer um bocado quando o tempo e a gravidade reclamaram os seus direitos. Qual das duas? São ambas moças francamente striking, como se diz em português. O implacável instinto classista decide a coisa: esteticamente prefiro sempre a rapariga que não pareça uma esteticista. São gostos.
Scarlett Johansson, 542 votos (53,4%)
Natalie Portman, 473 votos (46,6%)
Qual das duas? A filha de uma judia e um dinamarquês ou a filha de um israelista e uma americana? Têm quase a mesma idade (Natalie nasceu em 1981 e Scarlett em 1984), estrearem-se no cinema no mesmo ano, 1994, ambas trabalharam com Woody Allen, ambas fazem publicidade de cosméticos, ambas promovem causas progressistas, ambas entraram no imaginário ocidental como Lolitas. Natalie tem umas feições que nem Bernini num dia bom chegava lá, de uma harmonia clássica e tranquila mas com capacidade para a melancolia e a lascívia com um bater de pestanas. Scarlett é, como se dizia antigamente, mais «planturosa», lábios cheios e seios fartos num corpo que foge ao look esquelético, e com um estilo lânguido ou sonolento. Scarlett tem tido mais sorte: fez o inesquecível Lost in Translation (2003) e o único Allen extraordinário de quase duas décadas, Match Point (2005). No primeiro, é perfeita como spoiled brat insone, no segundo nem tanto. Ela tem grande à vontade em allumeuses de chupa-chupa (como num filme dos Coen) ou jovenzinhas frustradas com os prazeres e os dias (como em Ghost World, 2001); mas só vi ali uma actriz a sério em A Love Song for Bobby Long, 2004, interessantíssima elegia sulista. Muitas vezes, parece mal escolhida para o papel (The Black Dahlia, Scoop, A Good Woman, todos 2005) ou faz filmes incrivelmente medíocres. Como modelo de Vermeer foi um achado, não pelo filme (banal) mas pela conjunção dos dons da natureza com os dons de Eduardo Serra. Natalie não tem tantos filmes maus, mas também ainda não fez um filme realmente bom. Popularizada pela princesa de Star Wars (2002/2005), tem um ar frágil e grácil que está mesmo a pedir comédias românticas e tragédias amáveis. Nesse registo, gostei de Garden State (2004), cheio da precipitada poesia dos trintões; já em Closer (2004), Natalie tentou ser ostensivamente «sexy» o que não vai bem com ela, excepto se for uma sexualidade súbita de molhar as boxers à plateia (a curta Hotel Chevalier, 2007). Nem uma nem outra são actrizes consagradas, e Scarlett especialmente vai sofrer um bocado quando o tempo e a gravidade reclamaram os seus direitos. Qual das duas? São ambas moças francamente striking, como se diz em português. O implacável instinto classista decide a coisa: esteticamente prefiro sempre a rapariga que não pareça uma esteticista. São gostos.