6.3.08

Da marginalidade

Luiz Pacheco e Gabriela Llansol são escritores opostos: ele visceral e ela hermética.

De Pacheco, gosto muito de um punhado de narrativas vividas e de alguma crítica combativa. Não apreciava a «personagem». De Llansol, li com grande fascínio a «Trilogia de Rebeldes», alguns diários e vários fragmentos fulgurantes. Mas nunca suportei a mística laica.

Pacheco e Llansol eram a seu modo «marginais». Mas a sua marginalidade foi paradoxal. Pacheco com subsídio e entrevistas e legiões de fãs. Llansol com prémios literários e críticos entusiastas.

A marginalidade não é virtude nem defeito. Sempre houve Villons e Rimbauds, e também sempre houve grandes escritores oficiais ou mundanos, dos trovadores a Malraux, de Goethe a Cocteau. A «marginalidade» biográfica é irrelevante como critério de qualidade.

A grande literatura é sempre intrinsecamente marginal, na sua visão do mundo e uso da linguagem. E isso não depende das anedotas biográficas.

ADENDA 1: Não discuto religião. Mas vejam como os mesmos que defendem o «diálogo» e a «comunidade» depois se espojam com gosto no ataque pessoal e na pesporrência.

ADENDA 2: Sobre o mesmo assunto, uma perspectiva laica.