Barões
Ah, então parece que a direita depende mais uma vez do empenhamento dos seus «barões» ou do seu abstruso absentismo. O problema com os «barões» (além das conotações garrettianas, enough said), é que, como convém a presuntivos aristocratas, não gostam de conspurcar a manápula. Gostam, bem entendido, dumas saudáveis facções, traições e conspirações, mas não apreciam, por exemplo, sardinhadas ou, digamos, estar na oposição. Como acontece em outros casos (vide manuais), os «barões» quando vão de férias (ou a isso são obrigados) arranjam um capataz mais ou menos capaz. E depois, quando voltam, exigem chave na mão e casa bem espanejada. Os «barões», com os seus derrières devidamente assentados em Conselhos de Administração, preferem muito justamente o vil metal ao passe social, mas ainda assim julgam-se com direito a indignações éticas e a esperanças arfantes dos patriotas. Eles querem mandar por direito divino, ou porque não dizem «fostes» e têm os filhos no St. Julian’s, mas são razões diletantes e a política não serve almas dilectas. A política é para quem a trabalha. Entre o povão e o barão, venha a luta de classes e escolha.