29.5.08

Blade Runner (1)

Decidimos ir ver o Blade Runner, na versão «final cut» (não confundir com a versão «director’s cut»). Blade Runner é menos superficial que Star Wars & companhia e menos pretensioso que 2001 & associados. É uma distopia em registo noir e cheia daqueles efeitos publicitários aos quais Ridley Scott nunca escapou. Ninguém escreveu sobre o futuro da tecnologia como futuro do humano como Philip K. Dick, e Blade Runner faz justiça a Do Androids Dream of Electric Sheep? Há estilo visual, montes dele (já não me lembrava daquele elevador tétrico subindo pelo prédio degradado acima) mas também há personagens (o cinismo vítreo de Rutger Hauer e a fragilidade malabarista de Daryl Hannah) e algumas ideias (não demasiadas, algumas chegam). Ainda é o melhor Dick no cinema (passe a expressão). Convenhamos que a ficção científica no cinema não tem dado para muito mais: num extremo estão os videogames todos deste mundo, e no outro um punhado de filmes metafísicos (os Tarkovskis) em que a FC é um pretexto. Há também Matrix, bem sei, mas eu (desculpe, camarada Zizek) acho o projecto muitíssimo sobrevalorizado. Gosto mais dos Aliens, que aliás são westerns. E o que eu gostei do Terminator, quando o vi no Fonte Nova em 1984 e achei que se podia vir do futuro para corrigir os erros do passado.