O hífen
Sendo eu politicamente um conservador-liberal, subscrevo quase inteiramente (excepto a segunda metade do primeiro parágrafo) este texto liberal-conservador que o Pedro Lomba assina hoje no DN:
O liberal-conservador não é nem um liberal puro, nem um conservador puro. Aliás, o principal inimigo do liberal-conservador é o purista de qualquer tendência. A verdade é que o liberal-conservador embirra com os liberais puros que nos dão uma má fama ao fazerem-se passar por nós, liberais-conservadores. Os liberais puros reduzem a política à economia, não toleram desvios ao que defendem e vendem o liberalismo como um plano quinquenal. (…) O liberal-conservador também não vai à bola com o conservador puro. O conservador puro tem a dificuldade de conviver mal com a liberdade dos outros (…) Um liberal-conservador está sempre a vigiar a temperatura das suas convicções. Se o termómetro dispara para cima ou para baixo ele age logo com medidas temperadoras. Como liberal preza a independência pessoal contra todas as formas de sujeição, servilismo e pobreza. Como conservador reconhece que a independência absoluta é um projecto impossível e que há um módico de autoridade e hierarquia que temos de aceitar. Como liberal é individualista e pelo mercado. Como conservador reconhece que os indivíduos vivem melhor em comunidades socialmente coesas e organizadas. Como liberal é optimista. Como conservador é pessimista sobre o seu optimismo. Como liberal aprecia a cultura de massas. Como conservador não diz que é arte qualquer saloiice. Como liberal acredita. Como conservador desconfia.
O hífen é importante porque, como o Pedro indica, os conservadores e liberais «puros» têm vícios imutáveis: o pouco amor à liberdade de um lado e o determinismo económico do outro. Eu, que sou conservador por educação e liberal por aprendizagem, prefiro por isso esse estatuto periclitante do «hífen». Claro que a ordem dos factores (antes e depois do hífen) não é arbitrária. Explico a minha preferência citando Tocqueville: «aristocrate de coeur mais démocrate de raison».
O liberal-conservador não é nem um liberal puro, nem um conservador puro. Aliás, o principal inimigo do liberal-conservador é o purista de qualquer tendência. A verdade é que o liberal-conservador embirra com os liberais puros que nos dão uma má fama ao fazerem-se passar por nós, liberais-conservadores. Os liberais puros reduzem a política à economia, não toleram desvios ao que defendem e vendem o liberalismo como um plano quinquenal. (…) O liberal-conservador também não vai à bola com o conservador puro. O conservador puro tem a dificuldade de conviver mal com a liberdade dos outros (…) Um liberal-conservador está sempre a vigiar a temperatura das suas convicções. Se o termómetro dispara para cima ou para baixo ele age logo com medidas temperadoras. Como liberal preza a independência pessoal contra todas as formas de sujeição, servilismo e pobreza. Como conservador reconhece que a independência absoluta é um projecto impossível e que há um módico de autoridade e hierarquia que temos de aceitar. Como liberal é individualista e pelo mercado. Como conservador reconhece que os indivíduos vivem melhor em comunidades socialmente coesas e organizadas. Como liberal é optimista. Como conservador é pessimista sobre o seu optimismo. Como liberal aprecia a cultura de massas. Como conservador não diz que é arte qualquer saloiice. Como liberal acredita. Como conservador desconfia.
O hífen é importante porque, como o Pedro indica, os conservadores e liberais «puros» têm vícios imutáveis: o pouco amor à liberdade de um lado e o determinismo económico do outro. Eu, que sou conservador por educação e liberal por aprendizagem, prefiro por isso esse estatuto periclitante do «hífen». Claro que a ordem dos factores (antes e depois do hífen) não é arbitrária. Explico a minha preferência citando Tocqueville: «aristocrate de coeur mais démocrate de raison».