23.6.08

O caminho marítimo para a Índia



Não sei se Geoffrey Hill é o melhor poeta inglês vivo: é certamente o mais «distinguished» numa «linhagem Eliot».

Hill tem um universo de referências vastíssimo, da Antiguidade ao Holocausto, e os seus poemas são sempre sérios e densos, monólogos culturalistas e meditações eruditas sobre assuntos com maiúscula. É um poeta difícil, que exige notas e reader's guide.

Comprei a última colectânea de Hill, A Treatise of Civil Power (2005), e vi que na contracapa traz elogios do Times, do Telegraph, da Spectator e da New Criterion. Ou seja: de toda a direita decente. E fico a imaginar que país estranho e fantástico é a Inglaterra.

A nossa «direita» fugiria a sete pés de um poeta português que escrevesse como Hill. A nossa «direita» quer uma poesia «acessível», «que se entenda», e, já agora, que fale do «caminho marítimo para a Índia». É por isso que o poeta favorito da direita portuguesa é um socialista.