1.7.08

O meu Darwin

Celebra-se agora muito justamente Charles Darwin, século e meio depois da apresentação da teoria evolucionista (e também no contexto das actuais maluquices «criacionistas»). Durante anos, achei que Darwin era um daqueles génios que eu podia ignorar, em parte porque as suas teses mais conhecidas não me causavam nenhum engulho. É certo que havia um desagradável travo nietzschiano no título On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life (1859), mas na adolescência eu tinha ainda uma visão «benigna» de Nietzsche. Em suma: nunca li uma linha da Origem das Espécies. Só há dois anos descobri (e li devotamente) The Descent of Man and Selection in Relation to Sex (1871). E achei que aquilo devia ser disciplina obrigatória nos liceus. Diz-se da Bíbilia ou de Shakespeare que «esta tudo lá». Mas em The Descent of Man também «está tudo lá». Acontecem coisas que a gente não entende ou não aceita? O Darwin explica. No meu caso, foi um bocadinho tarde, mas genes de merda são genes de merda, e ninguém se safa só por causa de umas leituras atempadas.