20.8.08

Manny Farber 1917-2008



Culto, excitante, inventivo, imprevisível, provocatório, temperamental, brilhante: Manny Farber foi um dos grandes críticos de cinema da história. Na minha estante está ao lado de Edmund Wilson (literatura), Clement Greenberg (artes plásticas) Kenneth Tynan (teatro) e Lester Bangs (rock), críticos que eram criadores. Farber estave sempre longe da crítica tarefeira dos jornais e da crítica entediante da academia. Cultivou uma prosa digressiva, associativa, paradoxal, muito atenta aos aspectos pictóricos e de composição e com uma extraordinária veemência visual. Jonathan Rosenbaum, num substancial ensaio biográfico, fez há anos um elenco parcial mas vívido do cânone de Manny, dos gostos mais sofisticados ao fascínio pela série B: « (...) the heroes of Werner Herzog, the loft in "Wavelenght", "Lee Marvin’s Planter’s Peanut Head", working-class domestic interiors, Barbara Stanwyck, Wellman, Godard, Fassbinder, "Stan and Ollie" (...), Rohmer’s "Knee" (...), Agee, Bresson’s "Mouchette", Peckinpah, John Wayne in "The Man Who Shot Liberty Valance", William Demarest, James Stewart in Anthony Mann westerns, Wile E. Coyote, Jane Greer, Mexico». Como se percebe, era um crítico original. E genial. Felizmente, teremos sempre Negative Space (1971, reed. aumentada 1998) na estante em que estão os clássicos.