23.9.08

Cruyff como experiência religiosa

Já foi comentado na blogosfera um texto de David Foster Wallace («Federer as Religious Experience») que eu tinha comentado em esboço. O Francisco, por exemplo, lembrou Daney, e não vale a pena repetir o que ele já escreveu. O ensaio de Wallace é de facto maravilhoso na análise das jogadas e nas passagens sobre as transmissões televisivas e a sua «ilusion of intimacy»; mas Wallace também congemina uma teoria estética do desporto: Beauty is not the goal of competitive sports, but high-level sports are a prime venue for the expression of human beauty. The relation is roughly that of courage to war. / The human beauty we’re talking about here is beauty of a particular type; it might be called kinetic beauty. Its power and appeal are universal. It has nothing to do with sex or cultural norms. What it seems to have to do with, really, is human beings’ reconciliation with the fact of having a body. Quando alguém exclama «não percebo como é que gostas de futebol» (seja isso desinteresse ou moralismo), eu tento dizer que não é possível apreciar a beleza em geral e não apreciar a beleza do movimento. E conheço poucos movimentos tão belos como, digamos, os dribles de Johan Cruyff.