23.9.08

Um coração como o meu

Leio que Dostoievski, quando se viu abandonado pela sua amante Apollinaria Souslova, lhe caiu aos pés e disse: «Nunca mais encontrarás um coração como o meu». Quase me cai aos pés o livro em que leio isto. Usei uma vez uma frase quase assim, nada sofisticada, lamechas, feita pânico e súplica. E fui atacado como nunca tinha sido. Toda a gente me chamou terrorista e mentiroso. Mas eu nunca disse nada tão pacífico na vida. E nunca disse nada tão verdadeiro. Disse e digo: «Nunca mais encontrarás um coração como o meu» (e agora cito Dostoievski).