Aimee
Aimee Mann regressou demasiado cedo: o último concerto foi há apenas 1 ano e o novo álbum ainda não está bem digerido. Em condições normais, não teria repetido a ida. Mas é sempre agradável reencontrar aquelas canções que, como escreveu João Lisboa, são sempre algo mais que simples e algo menos que complexas. Isso e o talento de contista com cinismo em doses sensatas justifica o enleio. Mas este concerto foi algo tépido, ela simpática dentro da sua frieza de valquíria, sorridente mesmo que avessa aos «fucking smilers», muito tranquila na sua vida de céptica bem casada, muito alta e muito «thank you guys so much». Novidades: mais teclas que no espectáculo anterior, menos diversidade nas incursões ao catálogo (não houve «The Moth»), e algumas canções do novo disco que ficam no ouvido («Freeway», «31 Today» e «Phoenix»). Mas claro que Mann tem sempre que voltar a Magnolia, sem emoção nem enfado mas por obrigação, e foi o que de mais parecido tivemos com um momento emotivo, especialmente na versão lounge de «One» e no «Wise Up» unplugged. Eu sei que sou fiel a Aimee porque sou fiel à rapariga que me deu a conhecer Aimee, ou antes, sou fiel à sua memória, à possibilidade de sermos por um momento ingénuos e fora do mundo, mas também de discutirmos o que fazer no mundo quando acaba o intervalo e temos que «wise up», coisa que na canção rima com «give up».