A floresta de nomes
Tem graça que uma casa de apostas apanhe os nomes essenciais da literatura da nossa época, pelo menos de entre aqueles que têm repercussão internacional. Leio a lista da Ladbrokes e apenas me ocorrem mais sete ou oito nobelizáveis. Deixo então duas palavrinhas no meio da floresta de nomes.
Há escritores de quem nunca ouvi falar (Inger Christensen, Arnošt Lustig, Ku On, Assia Djebar, Gitta Sereny, James Ngugi, Mahasweta Devi, Willy Kyrklund, Eeva Kilpi, Mary Gordon, Rosalind Belben e Vassilis Aleksakis) ou de quem nunca li uma linha (Les Murray, A. B. Yehousha, Harry Mulisch, Herta Müller, David Malouf, Beryl Bainbridge e Patrick Modiano). E também não tenho opinião sobre autores de quem conheço apenas excertos, capítulos, textos em antologias (Adonis, Le Clézio, Ismail Kadare, Cees Nooteboom, Bei Dao, Peter Carey, Chinua Achebe, Ernesto Cardenal, Maya Angelou, Jonathan Littell e E.L. Doctorow)
Excluídos esses, eis os escritores que já li, agrupados em cinco categorias:
Os poetas
Há uma década que a poesia não é distinguida. Thomas Tranströmer, um cultor daquilo a que antigamente se chamava «deep image», talvez seja o maior poeta europeu vivo [Heaney já ganhou]. Tem o meu voto. O polaco Adam Zagajewski podia ter o prémio que injustamente escapou ao seu compatriota Herbert. Yves Bonnefoy é um poeta respeitabilíssimo, but not my turf. Quanto à hipótese de darem o Nobel ao fanhoso Robert Zimmerman, escusado será dizer que eu decretaria três dias de festejos.
Americanos
Embora o secretário da Academia tenha zurrado que a literatura americana vive «isolada» e mais não sei quê, admito que os colegas não lhe liguem peva. Eu dava pulos no telhado se ganhasse algum dos quatro grandes: Philip Roth, Don DeLillo, Thomas Pynchon ou Cormac McCarthy. Joyce Carol Oates e John Updike têm mais que currículo. Paul Auster acho precipitado. Em contrapartida, William H. Gass seria um regalo daqueles.
Outros americanos
Mario Vargas Llosa e Carlos Fuentes, um deles ganhará mais tarde ou mais cedo, embora ser socialista seja mais «simpático» do que ser liberal. Dos canadianos, sou mais sensível à minuciosa Alice Munro do que à indómita Margaret Atwood, e simpatizo com Michael Ondaatje.
Europeus
Curto e grosso: Milan Kundera. É o homem que mais fez pelo romance de ideias nas últimas décadas. Salman Rushdie seria a apoteose da «world literature», mas não creio que os suecos queiram incomodar os nossos amigos bombistas. O mundo seria um sítio mais civilizado se gente como Claudio Magris ou John Banville chegasse ao Nobel. De Umberto Eco e Michel Tournier não conheço a ficção, mas os ensaios do italiano justificam galardão. O contingente inglês é digníssimo: Ian McEwan, Julian Barnes, A.S. Byatt. E Antonio Tabucchi seria um prémio quase português.
Outros
Temo que a febre Murakami faça das suas. Amos Oz é um bom escritor, e tem tudo para agradar aos «humanistas».
O Nobel da Literatura é anunciado amanhã, às 12.
Há escritores de quem nunca ouvi falar (Inger Christensen, Arnošt Lustig, Ku On, Assia Djebar, Gitta Sereny, James Ngugi, Mahasweta Devi, Willy Kyrklund, Eeva Kilpi, Mary Gordon, Rosalind Belben e Vassilis Aleksakis) ou de quem nunca li uma linha (Les Murray, A. B. Yehousha, Harry Mulisch, Herta Müller, David Malouf, Beryl Bainbridge e Patrick Modiano). E também não tenho opinião sobre autores de quem conheço apenas excertos, capítulos, textos em antologias (Adonis, Le Clézio, Ismail Kadare, Cees Nooteboom, Bei Dao, Peter Carey, Chinua Achebe, Ernesto Cardenal, Maya Angelou, Jonathan Littell e E.L. Doctorow)
Excluídos esses, eis os escritores que já li, agrupados em cinco categorias:
Os poetas
Há uma década que a poesia não é distinguida. Thomas Tranströmer, um cultor daquilo a que antigamente se chamava «deep image», talvez seja o maior poeta europeu vivo [Heaney já ganhou]. Tem o meu voto. O polaco Adam Zagajewski podia ter o prémio que injustamente escapou ao seu compatriota Herbert. Yves Bonnefoy é um poeta respeitabilíssimo, but not my turf. Quanto à hipótese de darem o Nobel ao fanhoso Robert Zimmerman, escusado será dizer que eu decretaria três dias de festejos.
Americanos
Embora o secretário da Academia tenha zurrado que a literatura americana vive «isolada» e mais não sei quê, admito que os colegas não lhe liguem peva. Eu dava pulos no telhado se ganhasse algum dos quatro grandes: Philip Roth, Don DeLillo, Thomas Pynchon ou Cormac McCarthy. Joyce Carol Oates e John Updike têm mais que currículo. Paul Auster acho precipitado. Em contrapartida, William H. Gass seria um regalo daqueles.
Outros americanos
Mario Vargas Llosa e Carlos Fuentes, um deles ganhará mais tarde ou mais cedo, embora ser socialista seja mais «simpático» do que ser liberal. Dos canadianos, sou mais sensível à minuciosa Alice Munro do que à indómita Margaret Atwood, e simpatizo com Michael Ondaatje.
Europeus
Curto e grosso: Milan Kundera. É o homem que mais fez pelo romance de ideias nas últimas décadas. Salman Rushdie seria a apoteose da «world literature», mas não creio que os suecos queiram incomodar os nossos amigos bombistas. O mundo seria um sítio mais civilizado se gente como Claudio Magris ou John Banville chegasse ao Nobel. De Umberto Eco e Michel Tournier não conheço a ficção, mas os ensaios do italiano justificam galardão. O contingente inglês é digníssimo: Ian McEwan, Julian Barnes, A.S. Byatt. E Antonio Tabucchi seria um prémio quase português.
Outros
Temo que a febre Murakami faça das suas. Amos Oz é um bom escritor, e tem tudo para agradar aos «humanistas».
O Nobel da Literatura é anunciado amanhã, às 12.