17.11.08

Com o odioso

Nunca odiei ninguém (e só uma vez estive quase). Mas agora decidi «ficar com o odioso» (curiosa expressão). Ficar com o odioso não é odiar (não tenho razões para odiar ninguém), mas assumir moralmente uma atmosfera negativa. Quem «fica com o odioso» aceita que saiu de um determinado choque uma pessoa pior do que antes. Eu sou hoje muito pior pessoa do que era há uns anos. E fico com o odioso disso, em vez de tentar vender a ideia de que sou uma «pessoa extraordinária» (como ela dizia). Não sou, sou de uma espécie muito fraca, e agradeço a todos os que me têm lembrado disso. Mas assim como há gente que perde a fé, têm que compreender que há momentos em que se «perde a moral». Não estranhem que seja assim. A moral é uma coisa que interessa a pessoas com esperança.