17.11.08

O império do verosímil

Vários escritores prestigiados (Coetzee, Fuentes, García Márquez, Pamuk, Rushie, Roth e outros) assinaram uma declaração conjunta dizendo que acreditam na inocência de Kundera, acusado de delação e colaboracionismo com o regime comunista. Os escritores atacam também o alarido mediático em torno dessa aparente calúnia. Yasmina Reza, por seu lado, escreveu no Le Monde que a acusação a Kundera não tem nenhuma resposta possível: Kundera pode negar uma vez (o que fez), mas depois só pode repetir a negação, pelo menos até haver provas mais concretas que sustentem as alegações. A delação cria um «acontecimento» que é fatal, sobretudo para alguém que escolheu o silêncio como modo da vida (fora dos livros). A calúnia circula porque é verosímil e, diz Jean Daniel, no império do verosímil a calúnia triunfa sempre.