21.12.08

Educação sexual














Verão de 42 (que outro dia revi de fugida num hotel), foi o filme da minha vida aos catorze anos. Havia ali um motivo que interessava ao adolescente que eu era: uma cidadezinha costeira sem homens, e com os rapazolas a arcarem com a obrigação de se portaram como homens. Os adultos estavam na guerra, e os miúdos, todos bastante imaturos, subiam um degrau na escala social, sem estarem minimamente preparados para isso. Eles juntavam um fascínio pacóvio pelas coisas do sexo (memorável a cena com o manual «progressista» cheio de termos em latim) e a obrigação de serem homenzinhos. O sexo era um assunto desconhecido, embaraçoso, onanista, até que Dorothy (Jennifer O’Neill) obrigava um dos rapazes a crescer, fazendo da sua «iniciação» o contrário de milhares de iniciações cómicas e desgostantes do cinema americano. Ela ia para a cama com Hermie (Gary Grimes) como consolo. Consolo dela (o marido tinha sido abatido em combate) e consolo dele (que a desejava há muito). Mergulhada no luto, a lindíssima e evanescente, Dorothy oferece a Hermie uma experiência sexual que é também uma experiência de tristeza e ternura, dando-lhe, num momento elíptico e irrepetível, não só o que ele desejava mas também uma memória agridoce, jubilosa e desolada Ela parte, mas deixa a Hermie, e para sempre, a magoada nostalgia daquele Verão de 1942.

[Summer of '42 é um filme de 1971 realizado por Robert Mulligan (1925-2008)].