A escada do sublime
Eduardo Cintra Torres publicou no Jornal de Negócios um texto sobre a campanha da Triumph que me parece um testemunho civilizacional. Nunca percebi porque é que gente civilizada acha a beleza física um tema trivial. A beleza física é o mais sublime capítulo da Estética.
A Triumph recorreu pelo segundo ano consecutivo à modelo Cláudia Vieira para publicitar a sua lingerie. Nos media e na blogosfera, os anúncios com Cláudia Vieira provocam a alegria do género masculino e o silêncio do género feminino. Estranha divergência: a campanha publicita produtos para as mulheres mas são os homens que cantam hossanas. (...) A marca percebeu ser desnecessário colocar Vieira em poses de entrega: a imagem de símbolo do erotismo feminino arreigou-se-lhe de tal forma que a Triumph pôde mostrá-la este ano como mamã de cueca e sutiã junto do bercinho ("Rainha-mãe") ou rodeada de rosas como a "Rainha Santa" da mitologia nacional. (...) os anúncios com Cláudia Vieira parecem ir além dessa patética menoridade que seria assumida pelas mulheres que observam mulheres pressupondo o olhar dos homens sobre as outras e sobre si mesmas. Vieira exibe uma rara superioridade, dela mas também um dom, que ultrapassa essa limitação mesquinha, pois apresenta-se, de facto como um insuperável símbolo de beleza feminina e erotismo que consegue situar-se no domínio da estética, subindo a escada do sublime. O uso do conceito de "rainha" nestes anúncios vai nesse sentido. O erotismo é sublimado por uma visão de "arte pela arte", o corpo transformado em arte. Que isto suceda na arte vã e apressada da publicidade é digno do maior elogio.
A Triumph recorreu pelo segundo ano consecutivo à modelo Cláudia Vieira para publicitar a sua lingerie. Nos media e na blogosfera, os anúncios com Cláudia Vieira provocam a alegria do género masculino e o silêncio do género feminino. Estranha divergência: a campanha publicita produtos para as mulheres mas são os homens que cantam hossanas. (...) A marca percebeu ser desnecessário colocar Vieira em poses de entrega: a imagem de símbolo do erotismo feminino arreigou-se-lhe de tal forma que a Triumph pôde mostrá-la este ano como mamã de cueca e sutiã junto do bercinho ("Rainha-mãe") ou rodeada de rosas como a "Rainha Santa" da mitologia nacional. (...) os anúncios com Cláudia Vieira parecem ir além dessa patética menoridade que seria assumida pelas mulheres que observam mulheres pressupondo o olhar dos homens sobre as outras e sobre si mesmas. Vieira exibe uma rara superioridade, dela mas também um dom, que ultrapassa essa limitação mesquinha, pois apresenta-se, de facto como um insuperável símbolo de beleza feminina e erotismo que consegue situar-se no domínio da estética, subindo a escada do sublime. O uso do conceito de "rainha" nestes anúncios vai nesse sentido. O erotismo é sublimado por uma visão de "arte pela arte", o corpo transformado em arte. Que isto suceda na arte vã e apressada da publicidade é digno do maior elogio.